quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Eu vi: Coquetel Explosivo


  Coquetel Explosivo (Gunpowder Milkshake, no original) é um filme dirigido pelo iraniano Navot Papushado, que também é co-autor no roteiro. Como Samantha (Karen Gillian, de Guardiões da Galáxia) começa narrando, há uma "Firma", conglomerado de homens importantes que a chamam quando alguns problemas acontecem, entenda-se matar pessoas. 
  Porém em uma dessas missões algo dá errado e ela passa a ser perseguida pela máfia McAlester. Pra complicar, uma menina de oito anos aparece na sua história e Sam precisa de toda ajuda possível pra se livrar desta enrascada enquanto faz as pazes com a mãe desaparecida por quinze anos. E nada disso é spoiler: o trailer entrega tudo de bandeja. 

  Confesso que quando vi o trailer, imaginei que logo fosse um "John Wick de Saias". Mas como o termo "de saias" não me agrada muito (e nem é correto), resolvi dar uma oportunidade ao filme. Imediatamente chama a atenção pela trilha sonora de cunho eletrônico, com uma pegada retrô que me lembrou muito de Atômica. Mas embora a protagonista lutadora seja tão imponente quanto Charlize Theron em seu filme (Karen Gillian não faz feio no seu papel aqui), poucas são as cenas que realmente empolgam pela originalidade.


  Conforme o filme vai avançado, é possível lamentar pela falta de  desenvolvimento dos personagens. Afinal, não temos a mínima noção de quem são os componentes da tal "Firma" e o por que fazem isso, e diferente da sociedade de assassinos apresentada em John Wick, não temos nada aqui que nos faça prender a atenção nesse elemento - nem mesmo moedas de ouro. E embora as bibliotecárias Madeleine (Carla Gugino), Florence (Michelle Yeoh) e Anna May (Angela Basset) tentem fazer esse trabalho, as atrizes de peso são totalmente subaproveitadas.


  A trama faz jus ao nome do filme: um coquetel (ou um milkshake, dependendo da versão) de coisas amarradas tentando se justificar. Sam comete um erro com A Firma, erro esse descoberto somente depois sua missão seguinte dá errado também. A perda do dinheiro, a inclusão da pequena Emily (Chloe Coleman, de Aprendiz de Espiã) são elementos que surgem e se encerram somente pra apelar para um lado protetor de Samantha, tentando criar na plateia o tão desejoso vínculo maternal com a própria mãe desaparecida. Não funciona.

  Coquetel Explosivo tem pontos positivos, que eu não posso esquecer de mencionar. A trilha sonora, como falei lá em cima, é bem marcante e muito bem executada. A fotografia, ora escura, ora brilhante, enfim... ajuda muito nas coreografias de luta. Karen Gillian encarna bem o personagem, embora devo dizer que em algumas situações ela acaba se parecendo com a Nebulosa sem a maquiagem. As cenas de ação são contínuas, bem trabalhadas e embora muitos afirmaram que elas sejam sem sentido, eu gostei bastante. E atores como Paul Giamatti, que se esforçam mesmo com as falhas do roteiro. Aliás, a química entre todos é muito boa!


  Devo admitir que Coquetel Explosivo tem um estilo que encanta, apesar de tudo. Mas infelizmente, é só isso. Navot Papushado, o diretor, mostra que entende das técnicas e teorias utilizadas em filmes parecidos, como Kill Bill e o extremamente óbvio John Wick, mas como costumo dizer, "Teoria é tudo aquilo que na prática não funciona". No fim, por mais que tente evitar, esse "milkshake" acaba tendo mesmo um gosto de "John Wick de Saias". Uma pena, considerando o elenco envolvido. Resta saber se a continuação (que já havia sido solicitada antes da estreia) consiga corrigir estes problemas.




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