segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Eu vi: A Vida Secreta de Walter Mitty


"Para ver coisas a milhares de quilômetros.
Coisas escondidas atrás de muros e dentro de quartos.
Coisas perigosas que vem para nos aproximarmos,
para vermos e sermos surpreendidos.
Esse é o propósito da VIDA".

- Life Magazine

  A Vida Secreta de Walter Mitty é uma adaptação de um conto de mesmo nome, de autoria de James Thurber. É uma história bastante conhecida nos EUA e já foi adaptada para o cinema em 1947 (aqui no Brasil chamou-se "O Homem de Oito Vidas"). O filme, na época, desagradou o autor por ter sofrido muitas mudanças e ficado bem distante da obra original.
  Essa versão também é bem diferente do conto original (que se passa, basicamente, dentro de uma casa). O filme modernizou a história e a trouxe para a época atual. Walter Mitty, interpretado por Ben Stiller (que também dirige o filme) é o gerente do departamento de negativos da Life Magazine. Ele é recluso e tem o hábito de sonhar acordado, literalmente se desligando da realidade. Embora não dito explicitamente, Walter tem um trauma devido a morte inesperada de seu pai na adolescência, que o obrigou a mudar de vida muito rápido, drasticamente e para sempre.
Não tem foto de mulher pelada?
  Life Magazine está encerrando suas publicações impressas para trabalhar apenas com conteúdo on-line, por isso a empresa começa a ser reestruturada. Curiosamente, na vida real aconteceu o mesmo: em 2000 a Life Magazine deixou de ser impressa como revista e se tornou encarte fotográfico de jornais para, em 2009, tornar-se exclusivamente on-line. No filme, os editores vão publicar a última edição da revista e, como opção para a última capa recebem um rolo de filmes de Sean O'Connel, o melhor fotografo da revista. Sean (interpretado por Sean Penn) recomenda que usem a foto 25, definida por ele mesmo como "quintessência da vida". Walter é encarregado do rolo do negativo, mas o negativo 25 está desaparecido. E é assim que começa o filme.
  A Vida Secreta de Walter Mitty foi uma grande surpresa. Ele é um filme clichê do começo ao fim e que transmite uma mensagem já transmitida por outros filmes (Alguem falou "Show de Truman"?). Mas ele é levemente diferente. Primeiro, a fotografia é sensacional. As tomadas externas foram filmadas na Groelandia, e são incríveis. As transições de Walter da realidade para o sonho e de volta à realidade são tão sutis e tão definidas ao mesmo tempo que não cansa e agrega muito ao filme.
  A trilha sonora é outra parte simplesmente fantástica. Qualquer filme cujo tema pode se basear em Space Oddity já tem o meu respeito. A cena onde essa música se desenvolve (com Kristen Wiig) é um dos pontos de viradas mais bem feitos que eu já em um filme.


  O filme é amarradinho, mas é lento. Principalmente na parte final, onde o filme te leva em várias voltas pra te deixar no mesmo lugar. Achei que esse pedaço poderia ser ao menos encurtado. Mas a mensagem é passada. Saia e venha viver sua vida. Adorei a frase do fotográfo quando ele diz "Às vezes prefiro não registrar o momento. Em certas circunstâncias eu prefiro apenas ficar aqui e fazer parte dele". Também achei que poderia dar mais ênfase ao nuclo familiar dele (a mãe de Walter é interpretada por Shirley McLane), já que foi um fato decisivo na vida do personagem.
  Eu adorei o filme. Poderia ser melhor? Sim, poderia. Mas mesmo assim é divertido, tem uma lição, belas paisagens e ótimos efeitos. Mostra também que, apesar de não se sentir a vontade como ator dramático, Ben Stiller se vira muito bem atrás das câmeras. Foi lançado entre o Natal e o Ano Novo, uma época em que as pessoas refletem sobre o que fizeram e o que pretendem fazer com suas vidas. Aí, neste caso, é uma ótima pedida.

Confira o trailer do filme: