sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A centopeia

   Olá,pessoal! Sei que estou um pouco sumido, mas infelizmente ainda continuo sem computador e com acesso restrito a internet. Deixo aqui um conto de minha autoria, pra vocês se divertirem enquanto postagens maiores não chegam. Tem um outro conto semelhante aqui. Boa leitura!

   É uma sexta-feira 13. Falta pouco menos de quarenta minutos para a meia-noite e você e sua noiva estão discutindo novamente: ela quer ir a uma balada com amigas e obviamente você não quer que ela vá. Não que você seja machista, mas das duas últimas vezes, ela acabou chegando com o raiar do sol. Apesar dos seus argumentos, ela encerra a discussão pegando a bolsa e saindo. Ao bater a porta, ela grita que talvez chegue para o café da manhã.
   Você se senta na frente da TV irritado, mas logo se cansa das imagens. Pega um livro na estante e decide ler na cama. Em poucos minutos o livro prende sua atenção: é uma história de horror em que uma centopéia marrom e cascuda, com rosto humano e com o tamanho de um cachorro. O monstro mata pessoas enquanto elas dormem e o autor descreve com perfeição o matraquear dos passos desta centopéia, bem como ela devora suas vítimas. O livro ainda diz ser "baseado levemente em fatos reais". Como poderia ser real um monstro desses? Apesar da leitura entusiasmada, você acaba pegando no sono.
   Já é madrugada quando você acorda sobressaltado. Tem alguma coisa errada. O que o teria despertado? O cheiro de terra úmida ou o matraquear de algo batendo no piso? Uma sombra se movimenta no canto do seu olho. Você se vira, mas não dá pra saber onde está. O interruptor da lâmpada do quarto está longe da cama e você só conta com o abajur da cabeceira. Teria sido um sonho? Não há nada extraordinariamente visível aos seus olhos. Estaria escondido?
   São duas da manhã e sua noiva parece totalmente enrolada nas cobertas. Você pensa se deve acordá-la, mas prefere não. Depois da briga que tiveram, é melhor ter certeza do que está acontecendo primeiro. Com medo de ter o rosto devorado, você se curva e olha rapidamente para baixo da cama. Está vazia. Nada além de sapatos e do livro que você derrubou enquanto dormia. Respira aliviado então, com a certeza de que foi somente um sonho. Quando se deita devagar, sua noiva dá uma leve mexida embaixo das cobertas, mas não parece acordar. Satisfeito, você olha para o relógio uma última vez. São duas e dezessete. Seu fôlego some e seus olhos se arregalam.
  Você já descobriu onde o monstro está.