terça-feira, 19 de junho de 2012

A Mensagem - Parte Final

  Enfim chegamos à última parte do conto "A Mensagem. Nesta altura do campeonato, todos já sabem, mas não custa repetir: O conto "A mensagem" é baseado no universo criado por Marcelo Cassaro no seu romance Espada da Galáxia. Transformado em cenário de RPG e em histórias em quadrinhos, Espada da Galáxia nos traz a possibilidade de uma guerra entre humanos, metalianos (homens insetos biometálicos) e traktorianos (alienígenas que podem assumir o controle de outros corpos). Este conto se passa depois do evento conhecido como Guerra Traktoriana.
  Tentei mais uma vez me esforçar para que o conto ficasse mais curto, mas não deu. a grande falha (aprendam, crianças) é começar a publicar o conto sem tê-lo terminado. Da próxima vez eu monto ele inteiro antes de terminar. Eu achei esse final anticlimático. Mas fazê-lo melhor só o deixaria mais extenso, o que significa que (aprendam novamente, crianças) que eu tenho que comer muito feijão com arroz pra saber condensar melhor o texto.
  Defeitos à parte, quero agradecer ao Marcelo Cassaro por me permitir trabalhar com personagens tão bacanas como Daion Dairax e Capitão Ninja. Não são todos os autores que apreciam seus personagens presos em uma fanfic de alguém sem muito talento.
  Anteriormente, em A Mensagem: A tripulação da Parsec sai do outro lado do buraco de minhoca e descobre que avançou três anos no futuro, explicando o por que do intervalo da chegada da mensagem da sonda. À sua frente, a nave terrestre U.S.S. Benedict, contendo um passageiro bem excêntrico: um andróide do Capitão Ninja!

  O punho de Daion Dairax desenhou um arco perfeito e atingiu em cheio a mandíbula do Capitão Ninja. O soco amassou parte do lado esquerdo do rosto do androide. Se esse mesmo golpe tivesse sido aplicado em uma face humana, teria arrancado toda arcada dentária do crânio de uma vez só. Mas o Capitão Ninja não era humano, ao menos não aquele Capitão Ninja. Era um androide, uma máquina feita por humanos com restos mortais de algum metaliano. Uma aberração que a tripulação da Parsec tentava destruir.
  — Estou ciente da luta do almirante Daion, mas acredito que ele pode resolver esses problemas sozinho. — disse a doutora à Poltrix.
  — Não me refiro a isso, doutora. — disse Poltrix saindo em disparada pelos deques, deixando os metalianos engalfinhados para trás. — Estou preocupado com a fenda no hiperespaço.
  O tricorder de Poltrix começara a emitir sinais já há algum tempo. Desta vez o equipamento acusava uma baixa significativa nas partículas cronogravimétricas. Isso significava que o buraco aberto estava se fechando ou perdendo a sua capacidade de deslocar corpos na linha do tempo. Em qualquer um destes casos, a situação ficaria muito ruim para a tripulação da Parsec. O astrólogo continuou: 
  — Estou indo para a engenharia. Tenho que garantir que a fenda seja capaz de receber a sonda e ainda nos mande de volta pra casa. Vamos precisar que a Mãe Galáxia faça um milagre através de suas habilidades, doutora.
  Enquanto Poltrix descia os deques o mais rápido possível, Parlak avançava ferozmente brandindo sua Espada da Galáxia. Tão logo o Capitão se desvencilhou de Daion, o metalianoo atacou. Os movimentos eram precisos, mas o androide era mais rápido. Ele se desviava com maestria dos golpes, mesmo sem perceber que aos poucos era encurralado pelo agressor. Apenas alguns passos foram suficientes para prender o Capitão Ninja em um canto do deque. Sem ter para onde ir, a aberração metálica tentou se defender como pode, mas o golpe da lâmina levou sua mão direita, que flutuou perdida pelo corredor.
  — O que espera que eu faça? — indagou Lora preocupada.
  — Se meu plano der certo, vamos precisar que o campo de força da Parsec esteja em potência máxima. — respondeu Poltrix, saltando por um buraco no deque. As botas magnéticas atrapalharam um bocado e ele precisou se segurar em um corrimão solto para evitar cair no espaço aberto.
  Impulsionando os pés com toda força na parede, o Capitão Ninja aproveitou-se da ausência da gravidade e avançou para Parlak como um bólido. Seus braços envolveram o metaliano com força, comprimindo o abdômen e curvando-o, favorecendo o deslocamento do androide. O impulso tirou as botas magnéticas de Parlak do solo e ambos caíram com força no chão, quicando várias vezes em seguida. O golpe fez com que o oficial tático derrubasse sua Espada da Galáxia, que flutuou por meros segundos antes de ficar cravada em um ponto no deque.
  — Doutora, acabo de chegar na engenharia. — disse Poltrix para Lora, que estava realmente atarefada, correndo para todos os lados enquanto operava os controles.. — O reator já era, mas o mecanismo de salto ainda está operacional, eu acho. A arma do Capitão Ninja me deu uma idéia. Talvez consigamos que a U.S.S. Benedict nos empurre pelo buraco numa velocidade suficiente para que a Parsec não sinta o impacto. A nave terrestre será a metralhadora e nós seremos a munição, doutora.
  O laser de Daion foi colocado em potência máxima. Ao atingir a pele prateada do Capitão Ninja, o feixe refletiu pelas paredes, impregnando todo o local com uma luz vermelha por alguns segundos, até que o laser superaquecesse e Daion desligasse o raio. As costas do Capitão Ninja fumegavam. Parlak avançou novamente, mas um chute bem colocado do androide no tórax do metaliano o enviou para trás. O oficial tático foi atrás de sua espada quando Daion avançou com força. Ele empurrou o androide de encontro à parede danificada pelo laser e que se abriu em mil pedaços ao ser atingida com tanta força. O Capitão Ninja e o almirante Daion Dairax agora flutuavam soltos no espaço.
  — Este é o único modo de voltarmos ao nosso tempo e ainda permitir que a sonda passe sem alterar o status de nossa realidade. — disse Poltrix, finalizando os comandos — Poderíamos usar a nave terrestre, mas ela deve ser deixada aqui, junto com o Capitão Ninja, para que os dados de sua presença sejam enviados para nós novamente no futuro. — deixou todos os comandos prontos — Coloque a Parsec nas coordenadas 122-133-158. Segundo este equipamento, assim que acionar os controles, teremos um minuto terrestre.
  — Não vai dar pra esperar vocês entrarem na nave. Saltem para o espaço e eu os recolho com um tentáculo do campo de força. — respondeu a doutora. — Todos pra fora agora!
  — Vamos ter que buscar o almirante! — gritou Parlak, em algum lugar da nave, tomando impulso para saltar.
  Acompanhados por restos de metal, Capitão Ninja e Daion Dairax giraram embolados no vácuo.  Sem apoio, vagavam lentamente em direção à abertura do hiperespaço, que agora dava sinais de entrar em colapso. Ao fundo, a bionave começava a fazer os primeiros movimentos. A única mão restante do androide prendeu com força no ombro de Daion, aproximando-os.
  — Isso não vai terminar assim!
  — Ora, cale a boca! — retrucou Daion. O laser piscou novamente e o feixe acertou o androide. O pescoço abriu-se, o rosto foi cortado parcialmente e os componentes que davam acesso à linguagem de rádio destruídos. Em seguida, Daion introduziu seus dedos nos espaços abertos do braço do Capitão Ninja, esmagando componentes, torcendo cabos e engrenagens. O metal era rígido, mas acabou se desmontando perante a força e a raiva que o almirante sentia naquele momento. 
  Com ambos os braços inúteis, o Capitão Ninja ficou a deriva. Daion, firmou os dois pés no peito do androide e se impulsionou. Com intensidade igual, mas direções opostas, eles se separaram um do outro. Uma luz verde garrafa envolveu suavemente Daion, direcionando-o a um dos compartimentos de carga.
  Ambas as naves estavam devidamente alinhadas com a abertura do hiperespaço, que começava a se fechar cada vez mais rápido. Movido pelo impulso, a carcaça ainda em atividade do Capitão Ninja encontrou-se novamente com a ponte U.S.S. Benedict, no mesmo momento em que a nave começava a emitir uma pulsante luz arroxeada que tomava conta da área.
  — Teve sorte que precisávamos de você inteiro... — pensou Daion, olhando fixamente para o androide. Os olhos metálicos carregados de ódio do Capitão Ninja cruzaram com os dele no mesmo momento que era soterrado pelos escombros gerados pela explosão hiperespacial. A grande esfera de energia tomou a tudo e a todos e empurrou a Parsec para dentro da abertura. A passagem recebeu a energia hiperespacial e permaneceu aberta mais uma vez.
  A bionave foi empurrada pela passagem como um bólido. A posição calculada por Poltrix permitiu que a Parsec fosse envolvida pelo campo hiperespacial como se fosse uma parte da própria Benedict, impedindo que ela sofresse danos severos. Com um grande clarão de energia, nave dos metalianos saltou para a fora do abertura, atingindo o espaço conhecido.
  — E lá vai ela... — disse Daion, do compartimento de carga, enquanto via a sonda penetrar na mesma passagem que eles acabavam de deixar. — Poltrix, faça a telemetria e confirme onde estamos...
  — Sim senhor... — respondeu Poltrix — Vai levar um tempo, mas a análise preliminar diz que voltamos um ano e meio no tempo, o que corresponde com a chegada da sonda. Teremos que esperar um pouco até que possamos voltar ao nosso “período de tempo” correspondente.
  — Escreva tudo direitinho aí... E localize um esconderijo secreto: precisamos nos esconder de nós mesmos do passado... — disse Daion.

Epílogo
  É verdade que o desenrolar dos fatos gerou um relatório absurdo que acabou parando nas mãos da Imperatriz Primária. Ela e Daion se reuniram para discutir os pormenores. Primária gostava do metaliano, pois atualmente sua “rebeldia” combinava com sua experiência e o tornava um oficial valioso. Ninguém ficou sabendo dos detalhes da reunião, mas é sabido que Daion saiu da sala com um leve rubor no peito e demonstrando extrema alegria.
    Ao mesmo tempo, Imperatriz ordenava a Mollon Meriax que reunisse uma equipe de cientistas em uma missão de pesquisa, comandada pela Parsec, para investigar fenômeno atípico. Mais detalhes viriam quando o almirante Daion Dairax retornasse de sua inspeção na Parsec.
  — Propulsores em prontidão — disse Poltrix, deslizando os dedos pelos controles luminosos. — Pronto para viagem de inspeção, almirante.
  — Rédeas prontas e comando respondendo. — continuou Parlak — A doca nos deu sinal positivo.
  Mesma nave, dia diferente — pensou Daion. De sua cadeira, perguntou:
  — Doutora? Estamos prontos pra botar pra quebrar?
  — Sinais vitais em ótimos níveis. — respondeu Lora — Câmaras de dilítio ao máximo. 
  — Trace curso para a primeira estrela à direita. — ordenou Daion aos tripulantes da ponte — Dobra Três. Vamos segui-la até o amanhecer.
  A Parsec separou-se da doca espacial lentamente. Seu campo de força tremeluziu quando as naceles de dobra se iluminaram. A bionave pareceu esticada mais uma vez ao atingir uma velocidade quase inconcebível, desaparecendo no horizonte com um clarão de luz.
  Como nos velhos tempos.

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