quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Mensagem - Parte I

  No post anterior (que você pode ver clicando aqui), eu falei um pouco sobre Espada da Galáxia e sobre o fim da Guerra Traktoriana. Expliquei brevemente sobre os metalianos, traktorianos e os humanos. Agora nosso conto começa de verdade, quando uma misteriosa mensagem chega em Metalian. Não sei ainda em quantas partes este conto será dividido (a idéia por enquanto, é fazer algo em cinco partes) e também não posso garantir a frequencia dcas atualizações, mas pode deixar que eu vou escrevê-lo até o fim.
  E se você achou ruim, achou uma merda ou simplesmente achou legal e tem mais sugestões, deixe um comentário. Ou escreva para o meu e-mail (arparolin@gmail.com).



  A estação Torus-II ficava a três quilômetros e meio longe da Cidade Imperial, bem em meio ao deserto. Seu objetivo principal era de monitorar as sondas enviadas ao espaço. Por motivos de segurança, as sondas transmitiam os dados criptografados, com algoritmos de dois megabytes de informações, tornando o código altamente seguro. A estação era mantida apenas por robôs. Dois deles eram responsáveis pela manutenção dos aparelhos e três pela análise dos dados. Quando uma das sondas enviava determinado dado, o computador fazia a conversão da criptografia e então transmitia para os robôs. Estes, por sua vez analisavam os dados em busca de certas informações chaves que, quando encontradas, eram transferidas para placas de metal impregnadas com sinal de rádio. Qualquer metaliano então poderia focalizar suas antenas nos sinais gravados e “ler” o conteúdo, da mesma forma que um antigo disco de vinil funcionava na Terra do século XX. As placas eram encaminhadas de tempos em tempos para um dos cientistas responsáveis pelo projeto, que analisavam criteriosamente os dados.
  Durante a Guerra Traktoriana, a estação Torus-II ficou encarregada de proteger as mensagens de guerra recebidas e enviadas de Metalian, para evitar que se descobrisse a origem delas. Por isso, as sondas científicas enviadas anteriormente ao espaço deixaram de ser analisadas e os dados enviados por elas foram armazenados e nunca receberam a devida atenção, até o fim da guerra. Com o cancelamento do programa de exploração espacial, a maioria dos dados estocados foram analisados sem muito critério pelos robôs e descartados. As informações relevantes feitas nesta última análise foram marcadas nas placas de metal como sempre e arquivadas para análise futura. O pessoal disponível para análise estava ocupado com coisas mais importantes, como a reconstrução da ala leste da Cidade Imperial.
  Para os metalianos, o espaço e as estrelas são na verdade, um conjunto místico e científico, com significados lógicos e arcanos, gerados pela Sagrada Mãe Galáxia. Por isso, a estação Torus-II, assim como toda e qualquer estação de pesquisa espacial em Metalian era controlada pelo Centro de Estudos Astrológicos. Um dos astrólogos recebeu os dados de todas as estações em atividade e concluiu que Torus-II beirava a ociosidade e seus recursos poderiam ser mais bem aproveitados em outro lugar.
  Os cientistas se reuniram e decidiram transferir os dados relevantes armazenados em Torus-II para a estação Torus-I que ficava mais próxima da Cidade Imperial. Designaram um astrólogo chamado Poltrix para cuidar do caso, que se resumia em analisar a pilha de relatórios que fora armazenada e catalogar todos os equipamentos para redistribuição.
  A primeira providência de Poltrix foi solicitar aos robôs que desligassem a coleta de dados. Tudo o que ele menos queria era a chegada de novos relatórios enquanto os antigos ainda não fossem lidos. Depois se acomodou na sala de análise com as pilhas de metal ao seu lado e permitiu que as antenas em seu focinho captassem as ondas de rádio gravadas nelas.
  Levou muito tempo para ler as placas. Já estava ficando terrivelmente entediado quando um dos últimos relatórios chamou sua atenção e ele precisou se segurar na cadeira para não cair. Poltrix releu o relatório várias vezes para se certificar de que não estava enganado. Não estava.
  — Acessar computador! — chamou ele através das ondas de rádio que os metalianos emitiam naturalmente para se comunicarem. As luzes do painel do computador piscaram por um momento e solicitaram o comando.
  — Executar transmissão AX-041, do terceiro ciclo do ano de 4.123.
  Algumas luzes do painel se acenderam, indicando que o computador estava buscando a informação solicitada. Segundos depois, o computador reproduziu, em perfeita sintonia de rádio, as mesmas informações que o relatório dispunha. Isso indicava que a transcrição do relatório estava correta, mas não indicava que as informações ali gravadas eram válidas. Precisava checar tudo. Solicitou ao computador uma série de testes para verificar se a sonda ainda funcionava, mas descobriu que o contato com ela terminara abruptamente. “A informação chegou a nós há pelo menos um ano e meio. Se o contato está perdido, então ou a sonda foi destruída ou...“.
  — Executar busca. Alvo: sonda responsável pela última transmissão solicitada. Verificar última posição e status informados. — disse Poltrix transmitindo os comandos para a máquina.
  — Processando... — respondeu o computador, também em sinais de rádio enquanto as luzes de seu painel se acendiam e apagavam rapidamente. O computador exibiu dados da posição da sonda, em algum lugar do Sistema Aldux, que, até a último contato, estava operando sem problemas.
  — Mãe Galáxia! — disse Poltrix em “voz alta” — Os dados não conferem de modo nenhum. Se a sonda estava no Sistema Aldux, as informações deveriam chegar até Metalian em poucos ciclos! — um ciclo equivalia ao período de rotação de Metalian.
  Poltrix solicitou uma busca por resíduos ou destroços da sonda, considerando o local onde foi feito o último contato, direção e velocidades do dispositivo. Pediu que incluísse também na busca a possibilidade de autodestruição. Por fim, sentou e esperou que o computador fizesse todo trabalho. Os metalianos referiam-se as horas como micro-ciclos e alguns destes micro-ciclos se passaram antes do computador pudesse dar o resultado final: não havia indícios de que a sonda fora destruída, mas era provável tivesse se deslocado além do perímetro solicitado, desaparecendo dos sensores de Metalian.
  Tudo indicava então que a sonda saiu do limite estabelecido, mas manteve sua programação original de enviar dados quando estes fossem relevantes. Dado o intervalo da mensagem e os possíveis cursos averiguados pelo computador, a sonda estava longe, muito longe, a ponto de sua mensagem levar um ano e meio para chegar. Poltrix fez a última tentativa. Solicitou ao computador as possibilidades de curso e mapeamentos das possíveis localizações da sonda, com base no tempo da mensagem e velocidade e cusros estimados anteriormente. Ficou espantado com o resultado: a suposta localização da sonda era tão distante que em Dobra Máxima levariam 35 anos para chegar!
  Poltrix usou suas ondas de rádio para ativar o comunicador. Normalmente poderia falar em voz alta em uma freqüência de alta amplitude e esperar pela resposta do interlocutor, mas usar o comunicador garantia que apenas um único metaliano ouviria a conversa. Poltrix chamou então seu superior no Centro de Estudos Astrológicos.
  — Doutor Mollon Meriax? Quais as chances do nosso departamento conseguir uma conferência privada com a Imperatriz?
  — Conferência privada? Do que você está falando? — veio a voz do outro lado.
  — Vida biometálica. — disse Poltrix entusiasmado — Nós achamos vida biometálica fora de Metalian.

Continua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário após o sinal!