quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Eu vi: Doutor Estranho


 

  Doutor Estranho é 14º filme da Marvel Studios e assim como seus antecessores, manteve-se no topo da bilheteria no seu final de semana de estréia (iniciado no dia 2/11). É o primeiro a introduzir o conceito místico e mágico do Universo Marvel, contrapondo a tudo já apresentado em obras anteriores. É portanto novo e diferente. E bom, em muitos aspectos.
  Acredito que o filme seja aquele com mais carga dramática que todos os demais filmes da Marvel. Uma carga dramática que tentaram impor à "Homem de Ferro 3", mas o fizeram de forma falha. Tentaram fazer o mesmo em "Capitão América - Guerra Civil", mas o fim foi (merecidamente, claro) cartunesco demais. Mas "Dr. Estranho" faz isso de forma adulta e mais elaborada. Teria sido perfeito se não fosse o excesso de piadas ou (considerando o jeito Marvel de fazer filmes), o posicionamento errado de algumas destas piadas, sendo capaz de derrubar muita cena boa.


  Stephen Strange, vivido por Benedict Cumberbatch, é um neurocirurgião arrogante, personagem que pelo jeito é a especialidade dramática do ator, visto seus últimos papéis. Ao perder o movimento das mãos devido a um acidente e se tornando incapaz de operar novamente, Stephen Strange gasta todo seu dinheiro em buscas de curas cada vez mais duvidosas, até ouvir falar de um homem aleijado que voltou a andar. O homem o direciona até Kamar-Taj, um templo escondido no meio do Nepal.

  Lá ele conhece A Anciã, interpretada por Tilda Swinton, que nos entrega uma mestra centenária, com uma sabedoria ímpar. A interpretação, que rendeu comentários negativos por causa da etnia da atriz em relação ao papel, mostra-se impecável e magistral. Ela é aquela que ensina, mas que de repente também aprende. A Anciã revela a Strange que ele precisa pôr de lado toda sua arrogância e deixar-se levar pelo tempo que todos nós precisamos para nos recuperarmos.
A Ancião, que nos quadrinhos era "O Ancião".
  O tempo, aliás, é o foco do filme todo. Pois o tempo de Stephen Strange é diferente daquele tempo utilizado por Mordo, de Chiwetel Ejiofor. O Barão Mordo dos quadrinhos, grande vilão do Dr. Estranho é apresentado de forma dúbia, uma mistura de vários personagens e facetas diferentes. Outro personagem que trabalha bem o tempo (nesse caso o da insistência infrutífera), é Cristine Palmer, interpretada por Rachel McAdams. Ela tenta ser a alavanca que vai além do par romântico do herói, mas fica apenas na tentativa. Uma pena, a atriz está fantástica mesmo assim.
 
 
  O vilão Kaecilius também tem sua cota de entendimento temporal. Ele pretende derrubar os "Sancto Sanctorum" existentes, os refúgios e escudos mágicos da Terra. Com isso condenará a humanidade à uma vida eterna em nome do vilão Dormamu - outro clássico dos quadrinhos. Mads Mikkelsen faz o vilão de forma magistral (outro que se sente bem neste nicho de atuação), embora o roteiro entregue um antagonista muito clichê e um tanto raso.


  O filme todo é recheado de viagens psicodélicas por dimensões desconhecidas, efeitos especiais de cidades inteiras se distorcendo, se desfazendo ou se desdobrando, muito bem montados de forma a parecerem estranhamente naturais. E tem a condução de Scott Derickson, diretor conhecido de obras de terror trabalhando magistralmente com a relação psicodramatica do filme.
  "Dr. Estranho" não tem a pretensão de ser o melhor filme da Marvel e sim, de apresentar todo universo místico da editora. É um entretenimento honesto, que cumpre o que promete (Stephen Strange ainda não é o Mago Supremo da Terra) e ainda cria bons ganchos pra continuação em suas duas cenas pós-créditos. Tem bons efeitos, ótimas atuações e personagens bastante cativantes. Vale a pena ver essa psicodelia no cinema.
 
 

Um comentário:

  1. hahaha "a senha do wi-fi", sensacional!
    muito bom texto, mas como não sou aficcionado, não fiquei com vontade de assistir. Mas vou fazer uma forcinha, Alex, my friend.
    Pezzi

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