quinta-feira, 11 de maio de 2017

Eu vi: Guardiões da Galáxia Vol.2

  Exagerado. Talvez essa seja a melhor palavra para definir o 15º filme do Marvel Studios, o recente Guardiões da Galáxia Vol.2, escrito e dirigido por James Gunn. Ao receber maior liberdade criativa e não se prender ao cânone dos quadrinhos, James Gunn não reconheceu limites ao conduzir o filme. O diretor de fotografia Henry Braham parece seguir a mesma linha.






Kurt Russel é Ego, o Planeta Vivo
  Guardiões da Galáxia vol.2 é um filme família e esgota todo o tema ao forçar o máximo possível seus personagens dentro deste contexto. O filme conta a história de como Ego (Kurt Russel), o Planeta Vivo (no filme retratado como um Celestial), encontra seu filho Peter Quill (Chris Pratt), o Senhor das Estrelas, capturado quando criança por Yondu Udonta (Michael Rooker em uma atuação fantástica), líder de uma das facções dos Saqueadores (Ravagers). O resto da trupe conta com Drax (Dave Bautista) sendo o alívio cômico o tempo inteiro (menos ação, mais riso e uma interpretação mais leve e solta do ator), Baby Groot aparecendo apenas para efeitos de fofura (e sua função aparece só lá pro meio do filme e mesmo assim, não é tão releveante) - Vin Diesel foi novamente o dublador usando moduladores de voz. Rocket (voz de Bradley Cooper) sendo lançado num poço de carga dramática juntamente com Yondu que, aí sim, faz todo sentido pro filme. Gamora (Zöe Saldana) é (ou não) par romântico de Quill - função esta não muito lá desenvolvida - enquanto tenta acertar as contas com sua irmã Nebulosa (Karen Gillan)- aí sim o pau quebra mesmo!

  O filme é muito bonito e, embora as cores sejam saturadas demais, elas mantêm o espetáculo oitentista pretendido para o filme. E a computação gráfica é perfeita, seja na montagem do planeta de Ego, nos inúmeros drones que se parecem com fliperamas da raça dos Soberanos até mesmo para a maquiagem e os efeitos visuais usados em Mantis (essa não tem função certa no filme. Fica meio perdida em ser um objeto de ligação dos Guardiões ã escada das piadas de Drax). Tudo seguido de uma música forçadamente diegética, que funciona na maioria dos casos (e em alguns o faz questionar a necessidade de SER diegética). Em tempo: diegético é tudo aquilo que faz parte da realidade da trama narrativa de que se assiste ou lê.

Sylvester Stallone é Stakar
  De fato, os Guardiões funcionam como uma família atrapalhada vinda de qualquer filme de Sessão da Tarde que você já tenha visto, mas é funcional. A trama é envolvente, mesmo com as cenas em câmera lenta desnecessárias. Os easter-eggs (falo mais deles adiante) são muito bem vindos. James Gunn teve uma liberdade maior com os personagens desta vez e não ficou limitado àquilo que as histórias em quadrinhos contam, fazendo uma salada espacial temperada com fan-service que desce muito bem, embora o filme tenha uma certa barriga e acaba se arrastando um pouco na metade final.

  O filme tem outra vantagem inegável, que é o fato de funcionar sozinho. Não precisa de outros filmes da Marvel para se sustentar, toda a explicação está contida nele mesmo e um pouco no primeiro filme. O mesmo vale para as cinco cenas pós-créditos, que determinam a linha narrativa do universo dos Guardiões, mas não muda o status quo do Universo Cinematográfico Marvel como um todo (o que parece ser uma tendência daqui pra frente, segundo Kevin Feige, CEO do Marvel Studios).

  No fim, Guardiões da Galáxia Vol.2 é bom, dispensa o 3D e infelizmente não consegue ter a mesma pegada do primeiro filme. Continua divertido, apresenta personagens carismáticos e uma trilha sonora arrebatadora, mas para um terceiro filme (já confirmado), corre um sério risco de cair na mesmice e despencar na qualidade (Homem de Ferro 3 tá aí pra provar). Se James Gunn (que irá escrever e dirigir) o terceiro filme mantiver a audácia e a criatividade, decerto teremos sorte na continuação da saga - caso contrário, o fantástico potencial do universo cósmico da Marvel corre o risco de se perder e desandar.

 
Easter-eggs!

  Abaixo alguns Easter-Eggs (surpresas) interessantes que o filme traz. Desnecessário dizer que a seção CONTÉM SPOILERS e deve ser evitada se você ainda não viu o filme:

  •  Kurt Russel é Ego, o Planeta Vivo. Logo no começo do filme, o ator é rejuvenescido digitalmente para ser levado à década de 1980. O Planeta Vivo foi criado em 1966 por Lee e Kirb e apareceu na revista do Thor. Nos quadrinhos ele é um planeta com olhos e boca (cena essa que pode ser vista num momento "piscou-perdeu" no final do filme).

  •  Ego não é o pai de Peter Quill nos quadrinhos. Esse papel cabe a J'Son, rei tirano de Spartax.
  •  David Hasselhoff tinha um carro que falava e lutava contra máquinas malignas. Era KITT, também conhecido como Super-Máquina. O ator faz uma ponta rapida no fim do filme e nos créditos canta uma música escrita por James Gunn especialmente para o filme.
  •  Os Celestiais já foram citados no filme inicial dos Guardiões. Luganenhum é a cabeça de um celestial morto. O Colecionador exibe uma imagem de um deles durante a explicação da Jóia do Infinito no primeiro filme. São seres que vestem armaduras resistentes, glamourosas e são uma das raças mais antigas e poderosas do Universo Marvel.
  •  Yondu aparece com uma crista maior, coisa que sempre teve nos quadrinhos, característica racial do seu povo. No filme é um implante biotecnológico.
  •  Taserface, o vilão de nome ridículo foi criado para o uma história específica dos Guardiões nos idos 1990. A piada no filme é referente a uma crítica que uma revista especializada fez ao nome do vilão.
  •  Os Vigias! Sim, a raça de imenso poder cujo objetivo é observar e registrar os eventos do Universo sem interferir. Cada um é responsável por um pedaço do espaço e o da Terra era Uatu, morto nos quadrinhos durante a saga Pecado Original. No filme eles aparecem conversando com Stan Lee. Em uma das cenas pós-créditos os Vigias se enchem das histórias dele e vão embora.

  •  Os Guardiões da Galáxia Originais: Essa é a maior surpresa do filme. Os guardiões originais foram criados em 1969. Silvestre Stallone interpreta Stakar Ogord, o Águia Estelar (que aparece no começo do filme, mas seu personagem vem bem depois). Assim como nos quadrinhos, eles começaram sendo Saqueadores e se juntaram em prol de um bem comum. Yondu, rejeitado inicialmente pelo próprio Stakar, também fora um Guardião original (dando a entender o mesmo no filme). Stakar cita no filme o nome Aleta, sua esposa, que compartilhava o mesmo corpo com ele durante um tempo. Além disso, temos Martinex (Michael Rosembaum, o Lex de Smallville), com o corpo de diamante bruto, capaz de disparar rajadas de calor e de gelo. Há também Charlie-27 (Vin Rhames), um humano modificado para aguentar a pressão e atmosfera de Júpiter; Mainframe (dublado por Miley Cirus), um robô extremamente inteligente e estrategista. 
  •  Adam Warlock: Criado em 1967 para as histórias do Quarteto Fantástico, Adam é o portador da Jóia da Alma e futuramente carregará todas as outras jóias. Ele é uma entidade concebida para ser um mártir, criado para a salvação da galáxia através de sua própria destruição. Ele sempre foi a chave para a destruição de Thanos nas sagas do Infinito de Jim Starlim e chega a atuar ao lado dos Guardiões por um tempo. No filme, aparentemente Adam será criado pelos Soberanos.

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