Mas segura esse andor que o santo ainda é de barro.
O filme da Capitã Marvel teve um bom alarde em cima dele. Afinal, da heroína dependia uma resolução que foi iniciada lá nas cenas de Vingadores: Guerra Infinita. Quem é aquela que seria capaz de (ou ajudar a) resolver o estalar de dedos de Thanos? Ou estaria a Marvel levantando a bandeira de um movimento através do seu primeiro filme estrelado por uma protagonista feminina? E afinal, o público saberia identificar quem é aquela que atende pela patente de Capitã, mas já foi Miss Marvel, Binária e Warbird?
A película nos leva a Hala, capital do Império Kree, onde Vers - a nossa heroína não descoberta - faz parte da Starforce, comandada por Yon Rogg; personagem interpretado por Jude Law, que todo mundo pensava antes do lançamento do filme que o mesmo seria o Capitão Mar-vell. A equipe ainda conta com a presença de Korath, interpretado por Djimon Hounsou, voltando ao papel já apresentado em Guardiões da Galáxia. Lá a protagonista, que não tem memória nenhuma, luta para fazer parte de uma equipe que a adotou - mesmo que não seja isso que ela queira de verdade. Depois de vários flashbacks e cenas de luta sem sentido, a equipe é emboscada e Vers acaba caindo na Terra, que é onde toda a maior parte da ação se passa.
A protagonista e a Starforce em cena do trailer |
O filme que teve nove roteiristas (incluindo Roy Thomas, o pai da Capitã Marvel nos quadrinhos), teve na direção Anna Boden e Ryan Fleck, diretores mais acostumados a telinha que a telona. Isso, de certa forma, impacta o material por que ele tem alguns problemas bem amadores. A minha maior birra, por exemplo, são as cenas de luta cuja edição e montagem parecem ter sido feitas por alguém filmando com um celular pegando todos os ângulos errados e picotando tudo no Windows Movie Maker. A experiência (ou a falta dela) pesa um pouco em alguns quesitos do filme.
Outro erro, e nesse caso de roteiro é a tentativa de explicar várias pontas soltas da Marvel, pra fazer o retcon funcionar. Em tempo, "retcon" é a abreviação de retro continuity, ou continuidade retrógrada; mecânica muito utilizada nos quadrinhos para criar um passado até então inexistente pra justificar mudanças no futuro. Essa tentativa cria cenas bastante forçadas, como o acidente ocular de Nick Fury ou a origem do nome "Vingadores". O filme se passa em 1995 e até 2008, com o surgimento de Homem de Ferro, muita coisa aconteceu. Fatos mostrados no filme poderiam ter sido deixadas nesse intervalo.
E por fim, os efeitos especiais são uma variação de altos e baixos, com o rejuvenescimento de Samuel L. Jackson funcionando muito bem, passando por uma criativa transformação dos skrulls. Porém, a revelação do Flerken, a cidade de Hala, a Grande Inteligência Kree são feitas de forma primárias, mal acabadas e não convencem nem um pouco. Parece que o filme teve duas visões diferentes sobre como os efeitos deveriam se portar.
A grande oportunidade da Marvel emplacar um filme de uma grande e poderosa protagonista resulta em uma apresentação morna, contida e sem coragem de ousar. É um filme agradável e divertido, mas que não sai da zona de conforto de um filme pipoca convencional. Uma personagem tão legal merecia ao menos uma cereja em cima daquele bolo todo.
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