quarta-feira, 26 de março de 2014

Desafio - Uma cena em Tempos de Sangue

  Ontem enquanto passeava pelo Facebook, deparei-me com um post do meu amigo Eduardo Kasse, autor da série "Tempos de Sangue", publicada pela Editora Draco:

Missão dada é missão cumprida!

  Resolvi aceitar o desafio de escrever uma cena e ela se encontra logo abaixo. Eu não conheço nenhum personagem dessa série de livros (um erro que pretendo corrigir em breve), portanto não tenho a mínima idéia de quem seja Edred. Obviamente McMerman, o personagem que também aparece na cena, foi criado por mim (espero que realmente não exista um escocês ruivo e maneta em "Tempos de Sangue").
  Espero que gostem. Espero também que meu brother Eduardo não se sinta ofendido por esta 'fanfic'. E por fim, espero que se divirtam em ler o tanto quanto eu me diverti em escrever!

  O sol morria no horizonte quando Edred chutou a porta da taverna com violência. O ar morno do fim do verão entra no local, encobrindo temporariamente o cheiro de suor, cerveja e galinha cozida. Não há muita gente, mas mesmo assim, por um instante, todos olham para a porta, silenciando a taverna. McMerman, o maneta, estava sentado no fundo, próximo a janela, como fora previsto. Ao ver Edred parado à porta com a machadinha em punho, engasgou-se com a cerveja, molhando a mesa e sujando o bigode arruivado.
  - Escocês maldito! - praguejou Edred.
  McMerman levantou-se num pulo, apoiando o cotoco de mão na mesa e derrubando a cadeira no processo. O piso irregular prejudicou a fuga. Saiu correndo de modo torto em direção à janela, perseguido por Edred, que avançava pelas mesas. Os clientes praguejavam pelas cervejas derrubadas e cartas lançadas ao chão. Tão logo o escocês tocou o umbral da janela, Edred arremessou a machadinha com força suficiente para pregar a mão direita do escocês na madeira. McMerman uivou de dor.
  - Dói, não é? - disse Edred aproximando-se com deboche. - É metal benzido.
  O escocês tentava em vão retirar a mão do batente, mas a força do braço inábil era insuficiente. Edred parecia ter previsto isso e pressionou ainda mais a arma na madeira.
  - Se quiser sair daí, terá que arrancar a própria mão, criatura do inferno.
  - Não fui eu! - vociferou McMerman. Sua voz era muito diferente daquela apresentada ao barman vinte minutos atrás, ao sair do quarto da estalagem. Dias depois, as testemunhas do fato diriam que a voz soava como um rosnado alto de um cachorro.
  - Os escritos estavam corretos, afinal - murmurou Edred, baixo o suficiente para que apenas McMerman ouvisse - Demônios são lentos demais antes de provar do vitae humano. Fracos demais para reagirem...
  O estalajadeiro murmurou alguma coisa sobre "acertarem as contas lá fora", mas foi solenenemente ignorado. Edred tirou do cinto um pequeno frasco de bebida, que não continha vinho ou conhaque, mas apenas água. Edred destampou a rolha com a boca, e puxou os cabelos avermelhados do escocês para trás, inclinando seu corpo e seu rosto.
  - Não fui eu! - gritou ele mais uma vez - Não toquei nela.
  - Eu sei que não. - disse Edred. E sorriu. Entornou o líquido pela garganta escancarada da criatura, que começou a fervilhar como se bebesse o sangue de Deus. A fumaça e o cheiro empestiaram o local, os clientes tossiram, o mensageiro saiu correndo para avisar o guarda do quarteirão e o taverneiro murmurou uma praga. Alguém, em algum canto do estabelecimento, rezou. Ao término do líquido de dentro da garrafa, o escocês havia se tornado uma massa putrefata ardendo dentro da taverna, como um assado que ficou tempo demais no fogo.
  Edred apenas sentou-se em uma mesa. Logo estariam ali para levá-lo. Não se mata uma pessoa assim e livra-se impune. Mas não havia problema. Tudo corria conforme o planejado.

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