terça-feira, 26 de julho de 2011

A Mensagem - Um conto de metalianos

  O romance "Espada da Galáxia" foi escrito por Marcelo Cassaro e lançado em 1995, durante o III Encontro Internacional de RPG. O livro conta a história de Kursor Krion, um metaliano. Metalianos, como explica o livro, são homens-insetos de corpo metálico extremamente densos, habitantes do planeta Metalian. No livro, Kursor é um explorador espacial que, por motivos particulares, começa uma guerra violenta contra a Terra até ser detido por seus próprios aliados. " Espada da Galáxia" foi vencedor do Prêmio Nova, oferecido pela Associação Brasileira de Arte Fantástica, como melhor romance brasileiro de ficção científica de 1995.
  Por volta do ano 2000, Marcelo Cassaro, juntamente com José Dario "Guideon" Nunes, Flávio Lúcio Rodrigues Ribeiro e Himsky "Skyfox" Massaoka, lançaria GURPS - Espada da Galáxia, um suplemento para o sistema genérico de RPG GURPS. O livro, que primeiramente seria lançado pela Devir Livraria (e depois cancelado), foi distribuído livremente pela internet (não é difícil achar, caso procure no Google). GURPS - Espada da Galáxia trazia informações e regras para se jogar antes, durante ou depois da Guerra Traktoriana, uma batalha envolvendo as três raças alienígenas deste Universo ficional, os humanos, os metalianos e os traktorianos (robôs cujo cérebro pode ser transferido para outros corpos). Embora desatualizado cronologicamente (em 2011 já teríamos a nossa própria nave), GURPS EdG ainda é um excelente suplemento sobre cyberpunk, viagens espaciais, batalhas entre naves, etc.
  Marcelo Cassaro, criador dos metalianos, nunca descreveu nenhum acontecimento importante sobre a Guerra Traktoriana (talvez apenas alguns artigos para GURPS na extinta Dragão Brasil). O autor recusou polidamente a escrever continuações do romance enfocando o assunto uma vez que preferia não ter que descrever os horrores de uma guerra. Afirmou que guerras podiam até mesmo serem inevitáveis, mas sempre indesejáveis e longe de serem "excitantes e divertidas". Afinal de contas, a Guerra sempre nos derruba ao patamar de animais selvagens.
  Eu também não tenho essa capacidade, mas posso falar sobre o que vem depois da guerra. Poderia contar sobre a reconstrução dos povos, exemplos vistos frequentemente em grandes desastres na TV. Mas prefiro avançar um pouco mais. Um tempo não muito longe, para que os horrores da Guerra ainda sejam lembrados, nem muito perto, para que não tenha feridas abertas.
  Por isso, antes da história propriamente dita, eu apresento a vocês uma pequena introdução de como a Guerra Traktoriana acabou. Esta continuação segue a mesma cronologia publicada em GURPS EdG, mesmo que desatualizada conceitualmente. Embora banal e resumida, é o suficiente para demonstrar que o horror teve fim.
  No começo, era possível esconder a Guerra dos inocentes, seja na forma de teorias conspiracionais malucas, seja na forma de notícias não confirmadas de supostos "acidentes". Depois a Guerra se tornou visível demais para se manter oculta e todos ficaram sabendo dela. Seja por causa da tecnologia roubada dos alienígenas invasores, seja pelo avistamento de seres alienigenas no Web-jornal das Oito,ou ainda pela contagem de corpos dos que combatiam ou eram forçados a se defender.
  Em 2020 (ano terrestre), a Terra cria uma nova forma de radiação (apelidada por muitos de "radiação talarônica", devido a um seriado de sucesso do século XX). A bomba T, um armamento feito exclusivamente desta radiação, foi deflagrada no espaço pelo esquadrão conhecido como UFO Team, liderados pelo excêntrico Capitão Ninja. A explosão foi o suficiente para destruir todos os traktorianos dentro do nosso Sistema Solar. A nova arma era extremamente letal para o DNA traktoriano e eles morreram lenta e dolorsamente. O mesmo aconteceu para traktorianos infiltrados em corpos terrestres (o que rendeu muitas surpresas). Não se tem notícias do UFO Team desde então. 
  Os traktorianos abandonaram a região às pressas, não sem antes deixarem sua mensagem por vingança. Em seu planeta Natal, eles buscam por maneiras de vencerem a energia residual e destruir a Terra de uma vez por todas. Mas isso pode demorar, uma vez que estima-se haver energia residual no espaço por pelo menos mais cinqüenta anos após a explosão. Muitas mentes importantes de Traktor se perderam neste incidente, incluindo líderes e estrategistas. Traktor passa atualmente por uma drástica mudança política e militar.
  A Terra sofreu severas baixas. A bomba-T foi considerada "A Máquina do Juízo Final", nome dado a um dispositivo capaz de terminar uma guerra destruindo ambos os lados. Portanto, assim como em uma hecatombe nuclear, houve mortes, deformações, calamidades e destruição. A energia residual da explosão impede que saltos espaciais sejam realizados sem efeitos colaterais, que vão desde o esgotamento energético da nave a total destruição da mesma. A Terra agora tem seus próprios (e sérios!) problemas para resolver.
  A explosão da bomba T também é capaz de ferir metalianos, embora de modo menos grave que seus inimigos robóticos. Por isso, embora apenas os metalianos muito próximos ao epicentro da bomba morreram, muitos ficaram feridos e alguns isolados. As bionaves metalianas atingidas, incapazes de resistir a radiação, começam a morrer aos poucos. Os metalianos que conseguem, deixam o Sistema Solar imediatamente e retornam a Metalian. Infelizmente, muitos se tornam naufrágos.
  Metalian ainda teve que encarar a ameaça de alguns poucos traktorianos encontrados em seus satélites ou dentro do próprio planeta. O mais recente caso ocorreu um ano terrestre antes da explosão da bomba T, em que o metaliano conhecido apenas como Caçador, perseguiu incansávelmente um traktoriano dentro da Cidade Imperial. Em uma luta selvagem e descontrolada, Caçador empalou a si mesmo juntamente com seu adversário, realizando o Sacrifício da Anti-Matéria e levando consigo não só o inimigo robótico, mas também vários metalianos e parte da Cidade Imperial. 
  Por isso Primária, a Imperatriz e mãe de todos os metalianos, baixou um decreto proibindo todas as viagens de exploração espacial. A Frota Exploratória de Metalian fora chamada de volta para casa. Agora a função dos poucos metalianos que ainda carregam o título de "explorador espacial" ficou resumida a proteger o planeta de possíveis ameaças externas enquanto o Império se reconstrói. 
  O programa espacial ainda existe e a Imperatriz ainda autoriza pesquisas espaciais, mas na maioria das vezes elas servem para localizarem metalianos náufragos, detectarem traktorianos que ainda possam estar em Metalian e arredores ou descobrir novas tecnologias para a reconstrução do Império após a Guerra. Embora essa decisão seja considerada por muitos um retrocesso, Primária entende que precisa primeiro garantir a segurança e a sobrevivência de seus filhos, evitando que entrem erroneamente em outra guerra. Uma foi mais que suficiente. Dez anos terrestres se passariam antes que esse decreto fosse contestado. 
  É aí que começa a nossa história.”  
A história de Metalian começa a ser contada neste blog ainda esta semana. 

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